"Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão." "O mais importante para modificar a realidade das pessoas no ambito local é justamente dar-lhes autonomia para fazer suas próprias mudanças e reivindicações baseadas no conhecimento."


domingo, 24 de julho de 2011

Desemprego entre negros, mulheres e jovens é duas vezes maior que a média

 

Cristiane Bonfanti

Publicação: 24/07/2011 08:00 Atualização:

Luciana dos Santos (direita) faz bicos como babá:

Luciana dos Santos (direita) faz bicos como babá: "Queria ter segurança, fundo de garantia e aposentadoria"

A pernambucana Josefa Aparecida da Silva, 29 anos, tem se esforçado para não desanimar. Angustiada com as contas atrasadas, ela bate de porta em porta, há sete meses, em busca de um emprego. Mesmo com ensino médio completo e mais de 15 anos de vida profissional, na hora de disputar uma vaga, ela depara com a discriminação. Mulher e negra, já abriu mão de postos específicos e decidiu topar qualquer posição. Em vão. Josefa identifica na cor da pele o motivo do preconceito. “Em uma entrevista, éramos eu e duas mulheres brancas. Mesmo sem experiência, elas foram escolhidas”, lamenta. Josefa é um dos retratos mais claros das desigualdades que persistem no mercado de trabalho brasileiro.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, embora a taxa de desemprego tenha caído ao longo dos últimos nove anos e chegado a 6,2% em junho, a menor para o mês desde 2002, a desigualdade de oportunidades permanece. As mulheres encontram mais dificuldade em ocupar cargos e, quando conseguem, ficam geralmente em postos considerados inferiores. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, o índice de desocupação é de 5% entre os homens, mas salta para 7,6% com as mulheres. O salário médio deles, de R$ 1.770,40, é 40,8% superior ao delas, de R$ 1.257,10.
Quando a análise inclui cor e sexo, a realidade ganha novos contornos. Entre os homens brancos, o índice de desocupação é de 4,4%, menor que a média nacional. Para as mulheres negras, ele mais do que dobra: salta para 9,2%. “Os empregadores falam que vão ligar, mas o telefone nunca toca. Até fico desanimada”, desabafa Josefa. Para sustentar a casa, que divide com uma amiga, ela tem de fazer malabarismo. “Faço algumas diárias. Em média, tiro R$ 600. Só o aluguel é R$ 370.” Segundo o economista José Márcio Camargo, da Opus Investimentos, o empregador tem a ideia de que, por ter jornada dupla, a mulher pode ser menos produtiva.
“No mundo inteiro, ela ainda desempenha uma série de atividades pelas quais o homem não é responsável. Quando há um problema em casa, são elas que resolvem. São elas que têm filhos e licença-maternidade”, afirma Camargo. No que diz respeito à cor, ele observa que, por motivos históricos, o negro teve menos oportunidades educacionais no Brasil que o branco. “Quando um empresário contrata um negro, ele tem isso na cabeça. Não só para escolher o funcionário, mas para definir o salário que vai pagar”, diz. “Essas diferenças são mazelas conhecidas e vêm desde a formação do país. É necessário mudar esse processo, mas isso leva tempo”, avalia o gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo.

Carteira assinada
De cor parda, Luciana dos Santos, 32 anos, faz parte desse grupo preterido no mercado de trabalho. Ela nunca teve a carteira assinada. Para pagar as contas, faz “bicos” como babá. “Adoro o que faço, mas queria ter mais segurança, fundo de garantia e aposentadoria”, lamenta. Luciana observa que sempre há vagas para homens. “Para as mulheres, é mais difícil.”
Quando viu a mãe em meio a uma crise renal, Raimunda de Jesus dos Anjos, 29 anos, saiu do emprego para pagar exames e comprar medicamentos com o dinheiro da rescisão contratual. Desde então, já deixou mais de 50 currículos e fez cinco entrevistas. Mas só recebeu respostas negativas. Na casa dela, a situação só se complica a cada dia: são dois salários mínimos para sustentar oito pessoas. “Fico muito agoniada ao ver a minha mãe doente e não ter recursos. Já precisei recorrer até a ajuda de amigas para comprar produtos de higiene”, relata Raimunda, que se considera parda.
Negra, a empregada doméstica Rosa Marlene Santos, 51 anos, conta que já enfrentou momentos difíceis na profissão. “Comecei a trabalhar aos 12 anos de idade em casa de família. Já fui chamada de ‘pretinha’ e acusada de levar objetos das casas. Mas decidi levantar e cabeça e tentar de novo”, afirma. Para Regina Madalozzo, economista do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o preconceito é velado. “A maior parte do problema é sim relacionado à discriminação. Há vagas em setores aquecidos, como a manufatura e a construção civil, mas eles geralmente demandam mais homens”, diz.

Gravidez atrapalha
Cansada da informalidade e de fazer “bicos” como faxineira, Maria de Fátima do Nascimento, 26 anos, sabe o que é passar dificuldade. Em 2009, ficou nove meses desempregada. Casada e com dois filhos, precisou contar com a ajuda financeira de amigos e morar de favor. Mas, em meio a uma realidade adversa, ela conseguiu vencer o preconceito. Para ter a carteira de trabalho assinada, arregaçou as mangas e topou um desafio: trabalhar na construção civil.
Há duas semanas, Maria de Fátima foi contratada em uma construtura como ajudante de servente. Única mulher numa equipe de 35 homens em uma obra em Samambaia, além de cuidar da limpeza, já aprendeu a fazer rejunte. Feliz com o que faz, ela é mimada pelos colegas. “É difícil conseguir emprego formal. Na construção, tive essa oportunidade”, comemora ela, que tem o ensino médio completo.
Luciene Silva de Souza, 29 anos, só teve a carteira assinada por sete anos, ao longo de 14 de trabalho. Para não ficar sem dinheiro, topou fazer de tudo um pouco. “Fui babá, promotora de vendas, auxiliar de serviços gerais e atuei na produção de um frigorífico. Mas já senti a discriminação. Em seleções para empregos, percebi que as empresas preferem contratar homens. Elas se preocupam com o fato de podermos engravidar”, diz. Luciene está satisfeita com a posição de vendedora em uma floricultura. “Meu contrato é regular. Mas, além de enfrentar o preconceito, o governo poderia oferecer mais capacitação”, considera.

Fonte: Site do Correio Braziliense em 24/07/2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Apresentação do Projeto

Coletivo na Cidade é uma entidade localizada na Cidade Estrutural (DF) e atua basicamente com o atendimento de crianças e adolescentes no contraturno escolar oferecendo alternativas artísticas e educativas como meio de transformação social, além de ser importante espaço de convivência comunitária e capacitação profissional para os demais moradores da cidade.

Apesar de recém criada a entidade é fruto de uma experiência acumulada há mais ou menos cinco anos de trabalho deste tipo na cidade, que aos poucos foi reunindo estudantes universitários extensionistas de diversas áreas, profissionais da assistência e educação, além de mães e voluntários da própria cidade. E é bem esse o espírito da coisa, ou seja, a idéia do projeto é estar aberto à colaboração e participação de todos num grande abraço fraterno e comprometido com a Cidade Estrutural!

Justificativa

A Cidade Estrutural nasceu em Brasília em meados da década de 60, ainda com um pequeno grupo de famílias, em localização privilegiada, próxima ao Plano Piloto da capital federal. Entretanto, apesar da proximidade com o plano, a cidade surgia em razão e ao redor da área onde até hoje funciona o lixão de Brasília. Desde então, a cidade recebeu um grande contingente de pessoas e a antiga “invasão” da Estrutural, em um curto período de tempo, se tornou uma cidade com uma população de cerca de 40 mil habitantes. Estima-se que, além de ser uma grande cidade, a Estrutural é também muito jovem já que mais ou menos 60% de sua população tem entre 0 e 18 anos.

clip_image002Entretanto, considerando o rápido e expressivo crescimento da cidade e suas condições precárias de urbanização, o serviço de atendimento assistencial às famílias não cresceu na mesma medida, agravando ainda mais o quadro de exclusão econômica e social dessas famílias. Só para se ter uma idéia, até bem pouco tempo atrás não existiam escolas na cidade e os estudantes tinham que ser atendidos em escolas vizinhas do Guará e do Cruzeiro, situação que permanece até hoje, só sendo amenizada pela construção recente de quatro escolas. E isso estamos falando apenas do atendimento de educação básica, mais reduzidas ainda são as ofertas de atendimento às crianças e adolescentes fora da escola.

clip_image004Enquanto a oferta de serviços é mínima, a demanda na cidade é vasta, pois além de ser grande a população jovem falta espaços na cidade para promover e incentivar o desenvolvimento da cultura, troca de saberes e lazer locais. Além da ociosidade, há um perigo muito maior ligado diretamente a este contexto social: na Estrutural vive-se um crítico momento de crescimento do tráfico de drogas e dos casos de violência gerados por essa situação, a média de assassinatos da cidade já é o triplo da média nacional, e o principal alvo dessa situação são geralmente os jovens, que cada vez mais cedo têm sido atraídos por esse caminho.

clip_image006Mesmo que o quadro seja muito complicado e as respostas não venham de uma única direção, os trabalhos e experiências educativas desenvolvidas na cidade, porém, têm mostrado que é possível construir espaços e projetos que se contraponham à dura realidade de exclusão da cidade. Iniciativas criativas e que sejam feitas com e por seus próprios moradores têm servido de bons exemplos de como se pode fugir de determinismos e de uma visão que vitimiza ou incrimina os cidadãos da Estrutural.

É bem essa a proposta para a qual aponta a experiência do grupo que forma a Associação X. Vejamos a seguir os objetivos básicos do projeto e algumas atividades já desenvolvidas.

Objetivo Geral

O Projeto visa o desenvolvimento integral dos jovens, abrangendo e articulando as diversas dimensões de sua vida como indivíduo e cidadão, promovendo a vivência de práticas sócioeducativas que proporcionem a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades para empreenderem projetos de vida pessoais e coletivos, transformadores e comprometidos com o bem comum.

Objetivos Específicos

a) Contribuir com o processo educativo dos adolescentes atendidos;

b) Identificar as dificuldades encontradas no processo educativo e intervir significativamente de maneira que haja avanço;

c) Sanar as dificuldades encontradas referente as áreas do conhecimento trabalhadas na escola de acordo com as disciplinas estudadas;

d) Incentivar o desenvolvimento de uma educação de qualidade relacionada com a vida;

e) Propiciar que o direito ao exercício da cidadania seja assegurado;

Atividades

Serão oferecidas pelos educadores, parceiros e voluntários do projeto, para 200 adolescentes (12 a 15 anos) divididos em dois turnos, as seguintes atividades:

· Oficinas Culturais

Composta pelas oficinas de arte, teatro e música.

Objetivo:

Trabalhar com os conceitos:

- O que é Cultura;

- A importância da Comunicação;

-Diversidade cultural;

-Identificação da cultura com os educandos.

· Oficinas Esporte e Lazer

Composta pelas oficinas de esporte, jogos e criação.

Objetivo:

Trabalhar com os conceitos:

- Cultura Corporal;

- Esporte na Comunidade;

- Lazer, Potencial Criativo e Convivência Social (Competição x Cooperação)

· Informática e Cidadania:

Composta por oficinas de informática.

Objetivo:

Trabalhar com os conceitos:

-Mundo do trabalho;

-Inclusão Digital.

· Oficina de Interação Comunitária e Coletividade:

Composta por oficinas de participação e identificação comunitária.

Objetivo:

Trabalhar conceitos como:

-Participação;

-Cidadania;

-Construção Democrática;

-Autonomia;

-História, Identidade e Pertencimento.

Além dessas atividades, o projeto contará também com oficinas alternativas desenvolvidas pelas parcerias previamente estabelecidas. São elas:

- O Projeto “Bicicleta Livre”;

- As oficinas do Movimento Passe Livre;

- As oficinas de Rádio (NOME DO PROJETO??);

- O Projeto Leitura Crítica;

- A atividade de Cine Clube;

- Oficinas de Hip Hop e Cultura de Rua.

Orçamento

Para sua viabilização e manutenção o projeto contará com um apoio inicial da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda principalmente para a contratação da equipe técnica responsável pelo projeto e do pessoal de apoio. Entretanto, o projeto não terá como se manter apenas com os recursos provenientes da Secretaria, uma vez que o recurso não permite a aquisição do mobiliário e equipamentos ou gastos com o custeio do espaço onde o projeto será realizado, por exemplo.

Para que o projeto seja realmente possível e alcance com qualidade os objetivos a que se propõe, precisa encontrar parceiros colaboradores que se disponham a custear os gastos com a manutenção e incremento do trabalho, viabilizando e potencializando o atendimento oferecido no espaço.

Os gastos fixos previstos para o primeiro ano do projeto são:

Orçamento

Desembolso

Semestre 1

Semestre 2

Recursos Humanos

105.789,60

105.789,60

Equipamentos

10.000,00

10.000,00

Mobiliário

12.000,00

5.000,00

Material Didático

12.000,00

12.000,00

Manutenção

39.000,00

39.000,00

Alimentação

48.000,00

48.000,00

TOTAL (por semestre)

226.789,60

219.789,60

TOTAL ANUAL

446.579,20

Se aprovado o convênio com a Sedest, o projeto receberá o valor anual de 391.200,00 reais para a realização de suas atividades. Entretanto, esse valor só é o suficiente para pagar pessoal e parte dos custos com alimentação, material e manutenção, sendo necessário ainda levantar recursos para cobrir os gastos com a compra de equipamentos, mobiliário e, principalmente, manutenção do espaço, ficando o projeto inviabilizado se não contar com a colaboração financeira mensal de apoiadores.

Além disso, ainda que possa contar com a possibilidade de um convênio o projeto desde já buscará sua autonomia financeira priorizando a participação em editais e a criação de novas formas de sustentabilidade que garanta a continuidade de seus trabalhos com recursos próprios, por isso é essencial o apoio de parceiros que proporcionem o suporte inicial para que esses projetos possam ir se fortalecendo e criando suas próprias estratégias.

Você poderá contribuir mensalmente com o projeto enquanto pessoa física ou jurídica depositando na conta da entidade o valor de 25, 50 ou 100 reais ou poderá ainda autorizar o seu banco a fazer esse desconto automaticamente de sua conta na data que você escolher.

“Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade” R. S.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Onde Tudo Começou

As vezes um bye bye de bike se torna o começo de tudo...

Novo Espaço

‎"O mais importante para modificar a realidade das pessoas no âmbito local é justamente dar-lhes autonomia para fazer suas próprias mudanças e reivindicações baseadas no conhecimento."